quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013


 
A HISTÓRIA DE BOA UNIÃO PELAS LENTES DOS EDUCANDOS

 

 

Autor: Profº Ubaldo Péricles R. da Fonte[1]

Orientador: Profº Fábio Moura[2]

 
Resumo

 

Este artigo tem como objetivo mostrar o trabalho dos educandos do Colégio Municipal Miguel Santos Fontes, quando desafiados a fazerem um trabalho de pesquisa escrita e com vídeos da história local de sua comunidade rural, distrito de Boa União na cidade Alagoinhas. É um projeto que tenta unir o trabalho na educação com uso de Midas e novas tecnologias. Foi utilizada uma metodologia de pesquisa por meio do método histórico investigativo, considerando entrevistas orais e fontes escritas. Neste projeto de pesquisa, foi considerada a interatividade do educando durante o processo de aprendizagem, a sua criatividade e a capacidade de análise crítica dos documentos encontrados. Também foi considerado o desembaraço na  utilização de mídias e novas tecnologias pelos jovens educandos nesse projeto.

 

Palavras chaves: História local, mídias, novas tecnologias, educação, pesquisa.

 

 

 

  1. INTRODUÇÃO

 

Este artigo tem como objetivo maior mostrar os resultados quanto a pesquisa histórica local do Distrito de Boa União desenvolvida pelos educandos do Colégio Municipal Miguel Santos Fontes buscando fontes orais e escritas e utilizando mídias para produzir pequenos vídeos buscando com isso uma ponte cultural com as afinidades dos jovens.

Como metodologia foi utilizado o trabalho de pesquisa de campo utilizando o método investigativo e analítico da história buscando dados e utilizado-se de estatísticas para computar os resultados.

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Este artigo é parte integrante do projeto de trabalho de conclusão do Curso de Mídias e Novas Tecnologias da Educação. Este curso surgiu numa excelente parceria entre o MEC, com seu programa de cursos online denominado E-Proinfo e a UESB - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, através da sua Pró-reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários em seu excelente programa de Educação à Distância no atual Curso de Especialização em Mídias na Educação, com 360 horas.  Portanto, este artigo faz parte também, como de praxe, do processo de avaliação final deste mesmo curso online observando o desenvolvimento e desempenho dos educadores cursistas quanto às aplicações de suas disciplinas utilizando-se das mídias e novas tecnologias.

A escolha do tema, baseado no título “A História de Boa União pelas Lentes dos Celulares dos Educandos”, teve também como objetivo integrar o estudo da História local da Comunidade com o uso das novas tecnologias na educação. Como  no projeto de preparação para o artigo, o tema dessa pesquisa tem haver com a pesquisa da História local da pequena comunidade quilombola de Boa União através das lentes dos celulares e câmeras digitais dos estudantes e das entrevistas com resultados escritos e computados pelos mesmos, assim como também das fontes orais e documentos escritos descobertos por eles mesmo.
[1] Ubaldo Péricles Rodrigues da Fonte licenciado em História pela Universidade do Estado da Bahia. Pós-graduando em Novas Tecnologias da Educação pela UESB. Curso de Mídias e Novas tecnologias pela UESB – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. [2] Fábio Moura, Professor de Ciências da Computação da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB

 

 

  1. O USO DAS NOVAS TECNOLOGIAS DA EDUCAÇÃO

 

Como fundamentação teórica para o uso das TIC quanto aos métodos que inserem aparelhos de filmagens registrando as experiências dos educandos é correto buscar amparos nas ideias de Moran (1993) que enxerga as novas tecnologias como mediadoras do fazer didático. Também Moran ver o educador como estimulador dos educandos para aprimorar a leitura das imagens já que acredita num mundo imagético onde as novas tecnologias imperam via celulares, TVs e outras mídias.

Dessa forma ele esclarece que:

 

As crianças e os jovens leem o que podem visualizar, precisam ver para compreender. Toda sua fala é mais sensorial - visual do que racional e abstrata. Leem nas diversas telas que utilizam: da TV, do DVD, do celular, do computador, dos games (MORAN, 1994, p.40)

Como é de praxe de todos os educadores experientes e bem formados, a educação deve partir dos saberes locais, respeitando o currículo oculto existente nos jovens e na comunidade onde são também detentores de ricos saberes. Partindo-se do mundo local da comunidade é possível aos poucos introduzir os educandos em mundos de conhecimentos cada vez mais macros complexos. Partindo dessa primícia é como construir uma pirâmide. Primeiro é estabelecido a base piramidal, depois quando tudo é consolidado e firmado como uma rocha é erigido todo o corpo do belo edifício, o meio e finalmente o ápice da pirâmide. Essa alegoria da engenharia quando comparada aos métodos aplicados na educação, significa edificar em crenças comuns ou em novos saberes específicos da comunidade, essa é a rocha firme. Significa um olhar empático para o novo, para o desconhecido, para o mundo dos jovens e sua cultura e também para os saberes rurais a afro culturais populares.

Os novos conhecimentos inseridos na educação das crianças e jovens precisam ser significativos, possuir alguma referência com a sua realidade ou com um conhecimento anterior prévio para facilmente ser absorvido. Acaso isso não ocorra, fica a falsa impressão na mente dos jovens educandos que os seus educadores (as) estão lecionando algo inteligível, seria como alguém que fala com brasileiros em língua grega ou latina. Buscar subsídios nos novos métodos da pedagogia e nas novas tecnologias é imperativo para que os professores tenha êxito como professores formadores de novos cidadãos preparados para os novos desafios e as constantes mudanças da contemporaneidade. Portanto, no fazer da história em sala de aula deve-se partir daquilo que é mais significativo para o educando e nesse aspecto, seria muitíssimo mais interessante começar através da história local, ou seja, dos registros orais e escritos de suas tradições, dos saberes da comunidade e dos ancestrais. (Freire, 1996, p. 16)

Ao mesmo tempo, estudar história é muito mais do que a simples atitude reprodutivista de busca-la totalmente acabada e digerida nos livros acadêmicos e didáticos. Pesquisar história é desenvolver o senso crítico. Compreender a história se faz através da análise dos documentos escritos e orais. É possível concluir com essas primícias, que o fazer da história se estabelece com o ato da pesquisa, do hábito de investiga-la, do envolvimento do sujeito com o seu objeto, de sua interpretação, se concretiza pelo desenvolvimento coerente do senso de críticidade através da reflexão filosófica do objeto histórico. Quando inseridos e estimulados a romper com a atitude passiva de meros receptores dos saberes, alheios e incentivados a comprometer-se com o novo papel ativo de sujeito, nesse labor investigativo, os jovens estão sendo levados assim, a desenvolver em si a verdadeira pedagogia da autonomia tão mencionada tantas vezes por Paulo Freire (1996).

Em seu livro Pedagogia da Autonomia, ele escreve sobre a importância da pesquisa no ato de ensinar:

 

Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses que-fazeres se encontram um no corpo do outro. Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para constatar, constatando, intervenho intervindo, educo e me educo. Pesquiso para conhecer e o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade. (FREIRE, 1996, p.15)

 

Dessa forma, se faz tão importante para o educador quanto para o educando a atitude de aprender pesquisando, já que o ato da pesquisa leva as pessoas a se indagar, a constatar e intervindo se chega realmente ao verdadeiro ato de educar e educar-se, rompendo com o papel passivo de professores e alunos no cotidiano da sala de aula como meros transmissores e receptores dos conhecimentos alheios.

Paulo Freire ainda explica sobre a importância de respeitar os saberes dos educandos e a estimulá-los a pesquisa:

 

Pensar certo em termos críticos é uma exigência que os momentos do ciclo gnosiológico vão pondo à curiosidade que, tornando-se mais e mais metodicamente rigorosa transita da ingenuidade para o que venho chamando “curiosidade epistemológica”. A curiosidade ingênua do que resulta indiscutivelmente um certo saber, não importa que metodicamente desrigoroso, é a que caracteriza o senso comum. O saber da pura experiência feito. Pensar certo do ponto de vista do professor, tanto implica o respeito ao senso comum no processo de sua necessária superação quanto o respeito e o estímulo à capacidade criadora do educando. Implica o compromisso da educadora com a consciência crítica do educando cuja “promoção” da ingenuidade não se faz automaticamente. (1996, p.15)

 

No olhar deste projeto de mídias, incentivar os educandos a pensar em termos críticos significa estimula-los a ter uma postura de pesquisadores perante a histórica local rompendo aos poucos com o senso comum, embora o respeitando como base primária necessária da construção do novo conhecimento através do desenvolvimento de uma curiosidade que busque significados, conceitos, valores e julgamentos em tudo que os cercam (“curiosidade epistemológica”). Fomentar a autonomia nos educandos significa incentivá-los a construir o próprio conhecimento, desenvolver o senso crítico analítico e estimular a criatividade. É preciso dar espaços para pesquisas, debates e construções de textos, blogs e outros espaços intelectuais criados pelos alunos onde os educadores funcionem como facilitadores e consultores.

Também influenciado pelo interacionismo de Vigotsky, acreditando plenamente na capacidade de desenvolvimento das faculdades cognitivas dos jovens quando expostos a diversas situações de aprendizagem, é interessante citar a obra de Teresa Cristina do Rego (2000, p.124) sobre o pensamento interacionista contido na obra deste grande mestre russo. No seu livro Vigotsky, Uma perspectiva histórico-cultural da educação, ela escreve:

 

A educação, por ser uma prática de intervenção na realidade social, é um fenômeno multifacetado composto por um conjunto complexo de perspectivas e enfoques. Não pode, portanto, ser considerada como uma ciência isolada nem tampouco apreendida mediante categorias de um único campo epistemológico, já que várias disciplinas autônomas convergem para a constituição do seu objeto. Ou seja, a prática pedagógica é influenciada por múltiplas dimensões: social e política, filosófica, ética, técnica, histórica, etc., e. dentre essas, a dimensão psicológica.

 

Assim como a educação ou qualquer disciplina que a compõe, não podem ser jamais isoladas ou plenas, assim também a história deverá interagir com outras ciências e novas tecnologias para ampliar seu alcance pedagógico. Ao mesmo tempo, se percebe neste pensamento que a pedagogia é caracterizada por influências de vários ramos do conhecimento e quanto maior o contato do educando com vários caminhos maiores serão as oportunidades para o seu aprendizado porquanto maior será a sua interação com os saberes diversos que se entrelaçam e se completam.  Ainda com Teresa Cristina do Rego (2000) que explica a primeira tese de Vigotsky:

 

A primeira se refere à relação individuo/sociedade. Vigotsky afirma que as características tipicamente humanas não estão presentes desde o nascimento do individuo, nem são mero resultado das pressões do meio externo. Elas resultam da interação dialética do homem e seu meio sociocultural. Ao mesmo tempo em que o ser humano transforma o seu meio para atender suas necessidades básicas, transforma-se a si mesmo. (p. 41)

 

Se a relação indivíduo sociedade resulta da interação dialética do homem e seu meio sociocultural transformando-se a si mesmo e também o seu meio, essa primeira tese de Vygotsky, legitima assim, como o pensamento de Paulo Freire, a necessidade das pesquisas, dinamizando as disciplinas nas escolas, como ferramentas de promover essa interação. Pesquisando os alunos, são estimulados a buscar por si próprios a formação do seu próprio pensamento, de suas ideias próprias, desenvolvem o senso crítico e se tornarão quando formados, cidadãos atuantes e transformadores da realidade social, muitas vezes problemática e carente de mudanças urgentes.

 

  1. REALIDADE LOCAL E PREPARAÇÕES DO PROJETO

O distrito de Boa União, fica distante 9 km da sede, situado na cidade de Alagoinhas localizada no Agreste Baiano, a cerca de 108 km da capital baiana, a cidade de Salvador; e a cerca de 70 km da cidade de Feira de Santana, outro grande polo econômico baiano.  De acordo com o site oficial da cidade de Alagoinhas, a cidade limita-se ao Sul com o município de Catu; ao Norte com o município de Inhampube; ao leste com o município de Araçás; ao oeste com município de Araçás; Nordeste com o município de Entre Rios e a Sudoeste com o município de Teodoro Sampaio.

              Buscando condições para a introdução deste projeto junto à comunidade, foi verificado que já existe um centro de informática e internet (discada) lan hause na comunidade de Boa União e alguns poucos alunos com mais recursos, dispõem de computadores em suas residências com internet também discada. Portanto, foi julgada viável a inserção desse projeto de pesquisa com mídias na localidade. Entretanto, existem as dificuldades pelo fato da maioria dos alunos habitarem comunidades rurais mais isoladas e não terem o funcionamento pleno dos celulares nas suas comunidades, devido à falta de torres de transmissão e a lentidão da internet discada quando a possui. Os celulares apenas são usados para comunicação em determinados pontos de geografia elevada da sede, utilizando a Operadora Vivo, que possui um maior alcance em toda cidade de Alagoinhas. Apesar de todas as dificuldades encontradas, esperava-se que os educandos, por serem jovens e estarem inseridos em parte na nova cultura tecnológica (a cibercultura), teriam condições satisfatórias de participar de um projeto envolvendo mídias, novas tecnologias e a história local de sua comunidade. As dificuldades seriam imensas e os obstáculos bastante desafiadores e estimuladores do trabalho.

Porquanto, o curso de Mídias na Educação, é destinado aos educadores do Município de Alagoinhas, se deu a escolha da escola comunitária local denominada Colégio Municipal Miguel Santos Fontes pela localização central junto à praça do distrito. O Colégio Miguel, como é chamado pela comunidade local, educa jovens de todas as comunidades rurais das proximidades da sede desse mesmo distrito onde também o autor deste artigo leciona a mais de 10 anos. O Colégio Miguel Santos Fontes, fundado em 31 de agosto de 1980, possui ensino completo do Fundamental II do 6º ao 9º (antiga 8ª série), nos turnos matutino e vespertino, atendendo alunos dos 10 aos 26 anos de idade, e também funciona à noite no programa de Educação de Jovens e Adultos, com turmas do EJA IV (5ª e 6ª séries) e EJA V (7ª e *8ª séries) atendendo alunos dos 15 aos 60 anos de idade, com rotina educacional semanal de segunda a sexta feira. O Colégio Municipal Miguel Santos Fontes, possui também um projeto novo, denominado Proeja Fic que mistura educação de jovens e adultos com educação técnica profissionalizante, numa parceria entre o Instituto Federal de Catu com a Secretaria de Educação de Alagoinhas.

Deu-se a escolha pela turma de 8ª serie matutina (única da escola nessa série), na inclusão desse projeto de mídias e tecnologias, pela maior maturidade psíquica dos mesmos, quando comparados às outras turmas da unidade, pela aparente maior facilidade de manipulação de mídias e novas tecnologias por parte dos jovens dessa série. E também, por serem jovens adolescentes, esperava-se dessa turma, um maior compromisso com o rigor da pesquisa, mais seriedade de abordagem dos temas envolvidos, um trabalho mais coeso com a história local dos seus ancestrais.

Na turma de 8ª série (9º ano do Fundamental II), existem alunos (as) adolescentes da faixa de idade de 14 anos a 16 anos, porque alguns são repetentes. A maioria das famílias desses jovens, sobrevive do trabalho na lavoura. Os filhos desses lavradores ajudam seus pais no trabalho de campo. Como o distrito é rural e muitas famílias a cada ano têm migrado para outras cidades maiores, como São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador, as turmas têm diminuído em número de alunos e assim ficou difícil para a equipe gestora criar mais de uma turma de 8ª série.

São jovens, na sua totalidade, afrodescendentes das comunidades da sede de Boa União (Antiga Igreja Nova), Cangula, Outeiro, Tucum, Buracica e outras fazendas próximas na região.

 

  1. METODOLOGIA

 

Como metodologia aplicada, foram utilizados formulários/questionários para entrevistas, buscando fontes orais dos moradores, visitas aos arquivos públicos como o IBGE, os arquivos municipais, bibliotecas, etc. Foi considerado o método analítico e investigativo típico da história. Analise dos documentos, reflexão sobre as fontes encontradas e dedução e interpretação.

Os 26 educandos da 8ª série do Colégio Miguel Santos Fontes foram divididos em 06 equipes, cada uma com cerca de 04 a 05 componentes agregados de acordo com velhas afinidades existentes e desenvolvidas ao longo dos anos. Nessa pesquisa, foi observado o trabalho de equipe, a participação de cada um colaborando com o desenvolvimento no empenho da pesquisa e dissertação.

Ainda quanto aos alunos, como foi dito, foram divididos em equipes e cada grupo recebeu os seus formulários de questionários. Toda semana foi acompanhado pelo professor, o desenvolvimento dos resultados alcançados nos trabalhos de campo.

O trabalho teve partes escritas como os questionários de pesquisa de campo, relatórios finais dos alunos quantos aos resultados obtidos e a avaliação escrita da IV Unidade, que constava conteúdos relacionados também ao trabalho com a história local. Com as mídias e novas tecnologias, foram feitos pequenos vídeos (pockets vídeos) sobre as entrevistas com as pessoas da comunidade, mostrando aspectos culturais e geográficos do distrito de Boa União, etc.

Como quase todos os jovens educandos possuem celulares (muitas vezes bem modernos) usados o tempo todo para tirar fotos e ouvir músicas fora das aulas, durante o intervalo ou o que é pior, na sala de aula, essa situação, de certa forma provocava um péssimo desconforto por parte dos educadores, devido a indisciplina gerada por essas atitudes em momentos inadequados no processo ensino-aprendizagem. O uso de celulares e outras mídias em momentos inadequados de forma descontroladas por parte dos educandos, durante as aulas de seus mestres, dificultava a transmissão dos saberes, levando muitas vezes a situações de baixo rendimento, como consequência direta deste tipo de comportamento. Proibir o uso dos celulares, outros aparelhos de mídias e novas tecnologias, tornou-se ineficiente e inadequado. Portanto, o correto de acordo com a avaliação dos professores seria canalizar esse uso de novas tecnologias por parte dos jovens para fins didáticos, melhorando assim a maneira como os educadores conduzem seus trabalhos quanto ao processo ensino-aprendizado dos educandos.

Porque não usar a cultura tecnológica do jovem na educação? As mídias e novas tecnologias a favor da educação. O que era inicialmente um problema se tornou uma grande ferramenta nas mãos dos educadores. Era somente descobrir um método adequado de como utiliza-los. Cada educador em sua disciplina precisará descobrir a maneira adequada para utilizar as mídias e novas tecnologias da educação no seu labor. Seria preciso na situação especifica deste artigo, um método pertinente que concilie o trabalho do historiador com uso de novas tecnologias. Optou-se, portanto pelo método investigativo da História considerando as fontes orais e escritas através de entrevistas e vistas aos arquivos públicos municipais, bibliotecas, igreja, etc. Neste método será analisado os resultados de forma quântica utilizando de gráficos estatísticos. Ao mesmo tempo serão utilizadas mídias filmadoras digitais como celulares e câmeras fotográficas para registrar as entrevistas e demais trabalhos conciliando o trabalho de historiador com as novas tecnologias.

 

 

  1. AS DESCOBERTAS DOS EDUCANDOS

 

De acordo com as descobertas dos educandos durante a pesquisa sobre a história local de Boa União (Antiga Igreja Nova) e sua sede Alagoinhas, encontra-se relatos bastante interessantes sobre a origem dessas localidades provando que a interação fomentada pela pesquisa produziu bons frutos apesar da mesma ter coincidido com o pouco tempo decorrido durante a IV unidade escolar.

Entre esses textos (SIMÕES, 1996, p. 08), menciona que numerosas cidades que antecederam e precederam Alagoinhas, foram surgindo a partir da fundação de povoados, que desde o século XVI começaram a se formar com a divisão das Capitanias Hereditárias. No mesmo século, o fundador da Casa da Torre de Tatuapara, o Segundo Francisco Garcia D’Ávila, iniciou, na Bahia, proveniente da Capitania de São Vicente, a criação de gado, que logo se expandiu em direção ao Norte, implantando a cada passo, as choupanas de pau a pique e barro, cobertas de palha, que centralizavam os currais para repouso e aguada das boiadas. Muitas dessas choupanas foram, sem dúvida, fincadas na região de Alagoinhas pela exuberância de suas lagoas, intercaladas na estrada. Do ponto de vista interpretativo, os alunos compreenderam que se essas choupanas eram habitáveis por vaqueiros, então esta situação foi um marco inicial do povoamento de Alagoinhas.

Continuando as informações contidas no relato, é dito que em fins do século XVIII, um sacerdote português, cujo nome não ficou conhecido, embora alguns pesquisadores afirmem ter-se chamado João Augusto Machado, emigrou para o Brasil à procura de um local onde pudesse trabalhar e realizar os seus ideais. Em sua longa caminhada, chegou à vastidão de tabuleiros verdejantes, cortados por inúmeros rios e lagoas. Ergueu neste local, uma capela, instalando-se à distância de 12 km, onde fundou a Fazenda Ladeira. Como era costume, no período colonial brasileiro, foi em torno da capela que o povoado começou a surgir. (SIMÕES, p.08)

De acordo com o precioso e raro documento, o povoamento, portanto se deu de início, com os boiadeiros, índios aldeados, migrantes que partiam das zonas limítrofes de Inhambupe, Irará e Santo Amaro pela velha Estrada das Boiadas, tropeiros e viajantes que comercializavam suas mercadorias durante o longo e cansativo percurso e também negros fugidos que iam em busca dos quilombos. Nesse último grupo, os quilombolas, provavelmente se devem o povoamento das comunidades negras de Boa União, em particular, os povoados de Cangula e Outeiro que segundo pesquisa dos educandos, possuem até documentos do governo reconhecendo-os como legítimos quilombos.

No mesmo documento, encontramos a evolução política de Alagoinhas sede de Boa União (SIMÕES, 1996, p. 09):

 

Ø  Antes de 1816 - Povoado.

Ø  1816 - Freguesia de Santo Antônio de Alagoinhas.

Ø  16. 06.1852 - Criação da Vila de Alagoinhas pela Lei Provincial nº 442.

Ø  02. 07.1853 – Instalação do Município.

Ø  Município de origem – Inhambupe.

 

Também é revelada uma antiga ligação de Alagoinhas com a Vila de Inhambupe. Alagoinhas, ainda freguesia, pertencia a Inhambupe e esta inicialmente pertencia à capitania de Sergipe, somente passando para a capitania da Bahia em 1727. (SIMÕES, 1996, p.09)

De acordo com o documento, o religioso fundador, permaneceu no povoado por cerca de 20 anos, sempre dedicado às atividades sacerdotais e ao trabalho em grandes áreas de terra. Não se tem conhecimentos de pistas sobre a data de seu falecimento ou ainda se o mesmo se transferiu para outra região. Sabe-se que em 1816, foi substituído por outro sacerdote, também português, Pe. José Rodrigues Pontes, que conseguiu de D. João VI a elevação do povoado à categoria de Freguesia, pelo Alvará datado de 07 de novembro de 1816, passando a denominar-se Freguesia de Santo Antônio de Alagoinhas. O Pe. José Rodrigues Pontes foi nomeado seu primeiro vigário em cujo desempenho sacerdotal permaneceu ativamente até o ano de 1830, ocasião que veio a falecer. (SIMÕES, 1996, p.09).

A Freguesia de Alagoinhas, por força da Resolução Provincial nº 442, de 16 de junho de 1852, passou a categoria de vila, mantendo os mesmos limites descritos no Alvará de 07 de novembro de 1816, desmembrando o seu território do município de Inhambupe. (SIMÕES, 1996, p.09)

Segundo o pequeno livro sobre a História de Alagoinhas, a 2 de julho de 1853, foi instalado oficialmente o município de Alagoinhas, tendo como presidente do Conselho Municipal, Coronel José Joaquim Leal. (SIMÕES, 1996, p. 09)

É nessa família Leal que está a gênese do distrito de Igreja Nova (Boa União) como se verá mais na frente quando se tratará da história desta localidade.

Também é interessante a história da estrada de ferro que corta o território do município. De acordo com o texto, o governo imperial, tendo decidido ligar a capital da Província da Bahia ao Rio São Francisco, autorizou a construção de 125 quilômetros e 680 metros de linha férrea e essa estrada passa até hoje por Alagoinhas. Com a chegada do capital inglês da Bahia and São Francisco Railway Company deu-se início a construção da ferrovia em 1856. De acordo com o documento escrito, a 13 de fevereiro de 1863 é inaugurado o trecho Salvador – Alagoinhas num total de 123 km, cujo terminal, a Estação de São Francisco, importante marco construído nos moldes ingleses, ainda hoje existente, foi instalado a 3 km da sede da vila. (SIMÕES, 1996, p. 09)

Neste local histórico funciona hoje um museu contando boa parte da História de Alagoinhas e da ferrovia. Infelizmente, o prédio todo em estilo inglês (segundo fontes orais é a réplica da Estação Férrea de Liverpool) se encontra em ruínas, precisando de restauração com muita urgência, porque boa parte do prédio tem desabado por falta de cuidados.

A chegada da estrada de ferro levou junto o povoamento para a região mais baixa da atual Alagoinhas, porque o povoamento se desenvolvia anteriormente na parte mais alta da cidade (Alagoinhas Velha) onde se localiza até hoje as ruínas da Igreja Velha (Igreja Inacabada), patrimônio da cidade como é dito nestes parágrafos (SIMÕES, 1996, P.10):

 

Isto determinou que o povoamento passasse a se evidenciar mais naquele local, forçando a transferência da sede para as proximidades “da Estrada de Ferro”

Ainda em 1863 a capela, que até então servia aos fiéis, deu lugar a construção de uma nova matriz, erguida com argamassa e argila e sangue de boi, hoje, Ruína da Igreja de Alagoinhas Velha, monumento arquitetônico de nossa cidade. A obra teve sua construção abandonada devido à definitiva remoção da sede municipal.

 

O texto também mostra a data de 07 de junho de 1980, quando Alagoinhas recebeu foros de cidade, compondo o município de 5 distritos: Alagoinhas (sede), Araçás (hoje uma cidade), Aramari (hoje também outra cidade), Igreja Nova e Riacho da Guia pela lei 1957. (SIMÕES, 1996, p. 10)

Um precioso documento escrito na figura de um ofício datado de 28 de março de 1862 e enviado pelo vigário da freguesia, Antonio Martins da Silva Teles ao Presidente da Província também se encontra transcrito neste livro (SIMÕES, 1996, P.10):

 

Comunico V. Excia. que o templo, que nesta freguesia serve de Matriz, está inteiramente arruinado, e não mais sendo susceptível de reparo algum. Já desabou um canto. As paredes da capela Mor estão desaprumadas... Nesta data dirijo-me à Assembleia pedindo providências... para que não fique esta Freguesia tão importante com a via férrea,  sem templo, escandalizando assim aos Nacionais e Estrangeiros que de certo aqui virão muito a miúdo. Deos guarde a V. Excia. Alagoinhas, 28 de março de 1862.

 

Ao analisar este documento, um educando indagou se este templo não seria na verdade a mesma Igreja Velha em ruínas que existe até hoje como cartão postal de Alagoinhas e acrescentou que provavelmente ele (o templo) já teria o mesmo estilo colonial que tem até hoje, porquanto o relato bate exatamente como aparenta o estado das rachaduras nas paredes da nave principal, que também de fato existem partes desabadas. Além disso, à prova crucial de que esta antiga capela não foi apenas uma obra inacabada servindo para cultos, é o fato verossímil de existirem vestígios de restos de madeira ainda encravados na parte superior das paredes. Não deixa de ser uma boa sugestão a ser investigada futuramente mais a frente no próximo ano letivo, com novos documentos e com novas turmas de 8ª série.

 

  1. A BOA UNIÃO DOS EDUCANDOS      

 

Sobre a Boa União, os educandos conseguiram apurar alguns dados interessantes encontrados na maioria das entrevistas e através de poucos documentos descobertos – que nem era do conhecimento - como livros escritos sobre a história local. Sobre a história local de Boa União é dito que no ano de 1808 do século XIX, foi edificada uma Igreja, sob a invocação da Sagrada Família – Jesus, Maria e José. Diz também os relatos orais e escritos que conforme revela a tradição local, este templo foi edificado pela senhora D. Rita de Jesus Leal, que viajando teve seu cavalo assustado por algo e disparando em forte galope esteve a jovem sinhzinha prestes a cair. De acordo com os relatos dos quilombolas, dos caboclos sertanejos e dos escritos dos intelectuais, é dito que ela invocou a proteção da Sagrada Família e prometeu que mandaria edificar uma Igreja no lugar que o animal parasse e assim nada sofreu na queda. Portanto, cumpriu esta senhora, a promessa que fizera, edificando a Igreja no lugar que o animal parou, exatamente onde está até hoje ao pé do monte, Neste monte também fica bem no alto o cemitério de Boa União. (SIMÕES, 1996, p.52)

Dizem as fontes também, que tempos depois, com a sua morte, os membros das famílias “Pinto e Leal” terminaram a construção da igreja e o povoado que ali existia tomou o nome de Igreja Nova.

Mais tarde, de acordo as informações e relatos escritos, foi aquela igreja, sede da freguesia do Município de Alagoinhas, dando-se como razão a falta de uma Igreja na antiga sede do município. Isso se deve provavelmente as condições de ruína que já se encontravam a Igreja Velha de Alagoinhas.

Segunda as fontes, essa igreja em 1942, foi demolida devido ao seu precário estado e logo foi edificada outra no mesmo local com menor estrutura. De fato, analisando fotos antigas da antiga igreja e comparando com a capela atual não resta dúvida que esta informação é verdadeira.

Existe também um relato no livro Alagoinhas de como surgiu a mudança do nome para Boa União. Diz assim o texto (SIMÕES, 1996, p.52):

 

Por indicação do Dr. Carlos Olímpio Pinto de Azevedo e do Sr. Armando Leal, também de outros filhos da terra, Igreja Nova, em 1942, passou a ter a denominação de Boa União, alegando a comissão, que tal era a união do povo e das famílias que se entrelaçavam, que o Dr. Carlos achou bem, apresentar ao Governo do Estado esta modificação, que foi aceita. Por determinação do Governador de então, foi efetuada a mudança do nome de Igreja Nova para Boa União e assim está até hoje.

 

Podemos perceber que nesse tempo as elites locais tomavam decisões de cima para baixo sem consultar a população mudando a seu bel prazer nomes históricos que já faziam parte da cultura local. Contudo, muitos moradores, por ironia ainda utilizam o velho nome Igreja Nova para se referir à localidade.

Também foi encontrado um documento mostrando a Lei Provincial do tempo do Império criando a Freguesia de “Jesus Maria e José”, em Igreja Nova (1996):

 

Resolução nº 1135, de 28 de março de 1971.

O Barão de São Lourenço, presidente da Província da Bahia. Faço saber a todos os seus habitantes que a Assembleia Legislativa Provincial decretou e eu sancionei a seguinte resolução:

Art. 1º - A sede da freguesia de Alagoinhas fica transferida para a capella de Igreja Nova, conservando o órgão da mesma Capella – Jesus, Maria, José.

Art. 2º - Revogam-se as disposições em contrário. Mando, portanto a todos as Autoridades a quem o conhecimento e execução da referida Resolução pertencer que a cumpram e façam cumprir tão inteiramente como nella se contém, o Secretário desta Província a faça imprimir, publicar e correr.

Palácio do Governo da Bahia, 28 de março de 1872, 50º da Independência e o Império. 

(S.P.) (a) Barão de São Lourenço (p.53)

 

 

7. RESULTADOS APURADOS

 

A titulo do trabalho foi feito um total de 100 questionários para serem aplicados na pesquisa sobre a história local do distrito de Boa União e sua sede, Alagoinhas. Estes formulários foram aplicados pelos próprios educandos e distribuídos em número proporcional entre as equipes de alunos. Estes questionários foram aplicados com prioridade junto às pessoas mais velhas ou mais esclarecidas da comunidade. Sobre a pergunta quanto a origem da comunidade de Boa União, tivemos 90% das respostas dizendo sim, concordando com a história tradicional que alega a origem do povoado na fundação da Igreja Nova, devido a promessa cumprida por Dona Maria Rita Leal, quando caiu do cavalo e invocou a proteção da Sagrada Família. Apenas 10% das respostas das amostragens disseram desconhecer ou não concordar totalmente com a história, envolvendo a fundação da nova igreja como início do povoado. Este resultado pode melhor ser verificado no gráfico abaixo.

 

 

 

 

Gráfico sobre a origem de Boa União na fundação da igreja nova

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


A certeza da fundação do povoado através da queda de uma sinhazinha do cavalo arisco, é algo já cristalizado na mente das pessoas da comunidade. Dos mais idosos aos mais jovens, quase todos conheciam a velha tradição envolvendo a portuguesa a Rita Leal.  Essas pessoas da família Leal não mais habitam o velho distrito, muitas se foram para as cidades grandes, entretanto, suas marcas ficaram para sempre na memória dos descendentes dos seus escravizados e quilombolas.

Nos questionários algumas perguntas ficaram sem respostas por se tratar de uma pesquisa com pessoas simples e que utilizam tradições orais. Outras ficam imprecisas no tempo por falta de documentos escritos que preservem essas lembranças. Entretanto, essas dificuldades não inviabilizam de forma alguma o ato da pesquisa de campo.

Outras perguntas bem exploradas pelos educandos nas entrevistas e na confecção dos vídeos de suma importância estão inseridas em relação a ligação entre os quilombos e a história de Boa União. Quando e como surgiram os quilombos do Cangula e Outeiro que contribuíram com a formação da História e cultura de Boa União? Essa questão muito importante foi bem explorada pelos educandos e em todas é possível perceber a crença na qual estas comunidades de fato são de origem quilombola atribuídas a negros fugidos atingindo um total de 100%. Entretanto, de todas as equipes, apenas uma conseguiu um relato mais aprofundado sobre os primeiros moradores e sua história porque sendo jovens moradores do Cangula, conseguiram entrevistar pessoas idosas desta comunidade. Portanto, de 06 equipes, apenas 01, a equipe composta pelos educandos Milena, Daiane, Adriane e Genildo conseguiram obter mais informações sobre o mistério que cerca esta comunidade que de fato foi fundada por negros que vieram de fora e onde ainda as famílias afrodescendentes de Carvalho, da Paixão e de Jesus (de acordo relato escrito adquirido através de entrevista com moradores) até hoje habitam a localidade mantendo os hábitos esquivos e desconfiados de seus ancestrais.

Quais os principais fatos históricos que marcaram a trajetória de Boa União? Está importante questão obteve diversas respostas de acordo o pensamento do entrevistado. Alguns mais religiosos situam fatos importantes na fundação e depois reformas sofridas pelo templo principal. Outros citam a chegada da ferrovia na região, marco histórico de desenvolvimento. Outros citam as modificações urbanas como as transformações nas residências que antes eram de taipa e adobe e foram reconstruídas com tijolos cozidos e cimento para controle do hospedeiro da doença de chagas, o barbeiro. Outros citam as construções da Praça de Boa União e  escolas como o Colégio Miguel Santos Fontes nos anos 80. Em todas é possível perceber o anseio pelo progresso.

Como o passado de Boa União pode influenciar a juventude? Esse questionamento dirigido aos jovens educandos e da comunidade tiveram várias surpresas. Contudo, em todas é possível perceber nelas o desejo de preservar a cultura e a memória e o desejo por gerações de emprego na região como também o sonho de que um dia o futuro tecnológico chegue de vez e permita o progresso da comunidade. Portanto, desejam o novo e preservando as antigas tradições de seus ancestrais na alimentação, cultura, festas populares, etc..

 

Como resultado da pesquisa no comportamento dos educandos foi verificado:

Ø  Um maior entusiasmo em participar das aulas e das ações ligadas ao projeto.

 

Ø  Diminuição do comportamento indisciplinado durante as atividades.

 

Ø  Maior compromisso dos educandos em levar adiante as tarefas agendadas.

 

Ø  Um maior comprometimento com o espírito de equipe.

 

Ø  Desenvolvimento do senso crítico e analítico dos jovens educandos.

 

Ø  Uma sensível melhora nos rendimentos das notas da IV unidade quando comparadas as unidades anteriores.

 

Ø  Maior facilidade de absorção dos conteúdos da disciplina História já que partiu-se do que é significativo para o educando (a História local, sua cultura e uso de novas tecnologia).

 

Para o educador, foi uma experiência única, inovadora e transformadora de sua prática pedagógica. O educador percebeu neste trabalho, novos horizontes a serem explorados com o auxílio das mídias e novas tecnologias na educação. O trabalho se fez mais prazeroso, divertido e mais suave. Foi certamente a unidade onde este professor teve menos dificuldades de trabalhar. Também, a descoberta de novos conhecimentos ligados a disciplina História porque foram descobertos pelos educandos, trabalhos acadêmicos até então desconhecidos e que certamente contribuíram com novos conteúdos a serem trabalhados futuramente com novas turmas. Afinal, quando um educador educa, ele também está aprendendo.

Durante a pesquisa, houve algumas dificuldades por parte dos educandos quanto a inserção dos vídeos na internet. Fizeram todas as equipes os seus respectivos vídeos com entrevistas. Contudo, algumas equipes tiveram dificuldades para postarem seus vídeos na internet, quer seja pela lentidão da internet discada na comunidade, quer seja pela falta de internet na escola devido ao descaso total, quanto a isso das autoridades públicas, quer seja pela falta de experiências de alguns deles que nunca tinham feito isso antes, desconhecendo as técnicas de confeccionar vídeos oriundos dos celulares na internet. Alguns vídeos eram facilmente vistos nos seus aparelhos de origem. Entretanto, quando eram inseridos nos computadores, simplesmente não abriam por falta de compatibilidade dos arquivos de alguns celulares com os reprodutores de vídeos presentes entre os programas a bordo. Outros estavam com a parte do vídeo muito boa e o som ficou muito baixo. Entretanto, apesar das dificuldades, a experiência foi válida, quando é observado os bons resultados advindos e quando percebido o pouco tempo que se teve para tamanha tarefa colocada sobre os ombros de jovens adolescentes.

Os 26 educandos da 8ª série do Colégio Miguel Santos Fontes foram divididos como dito anteriormente em 06 equipes, cada uma com cerca de 04 a 05 componentes agregados de acordo com velhas afinidades existentes e desenvolvidas ao longo dos anos. Nesse trabalho foi observado o trabalho de equipe, a participação de cada um colaborando com o desenvolvimento do trabalho de pesquisa e dissertação. Como o trabalho envolveu elementos que promovem interesses por afinidade com os vídeos, o trabalho fluiu normalmente entre eles.

 

  1. CONCLUSÕES

 

Ao final deste projeto, com base nos resultados, é possível afirmar que a educação precisa o tempo todo, buscar atualizações de suas práticas, quer seja em busca de novos métodos pedagógicos, quer seja estando em busca de novas tecnologias da educação.  É possível perceber também, as dificuldades dos educandos com o trabalho dos vídeos, a necessidade por parte das autoridades públicas de dotarem as escolas de condições para que estejam aptas a portarem computadores, mídias e outras novas tecnologias, preparando professores, dispondo a escola de técnicos e outros profissionais que auxiliem os educadores em seu trabalho como professores pesquisadores. Ao mesmo tempo, os educadores precisam procurar melhorar suas práticas, deixando sua postura passiva diante das dificuldades, buscando sempre se atualizar no domínio das novas tecnologias da educação como o uso dos computadores, vídeos, DVDs, projetores, etc.

Para as autoridades públicas, é preciso um olhar mais atento para as péssimas condições de vida dos moradores das zonas rurais, quanto a falta de estrutura das condições para a sua autonomia econômica, ou quer seja pela negligência quanto as  redes de telefonia e internet nestas localidades, às vezes deficientes e outras vezes ausentes que dificultam o uso de novas tecnologias, quando negam a essas comunidades as oportunidades oferecidas pelo uso da internet a essas pessoas.

Ao mesmo tempo, é concluído este projeto recomendando a todos os educadores, que percam o medo das novas tecnologias na educação e que busquem sempre se atualizarem, para assim, fazerem frente aos novos desafios que os aguardam. Os jovens certamente serão muito gratos.

 

  1. REFERÊNCIAS

 

 

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários às práticas educativas. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

 

FREYRE, Gilberto. Casa Grande & Senzala. Rio de Janeiro: Editora Record, 1998.

 

_______________. Sobrados e Mocambos: decadência do patriarcado rural e desenvolvimento do urbano. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1936.

 

MORAN, J M. O vídeo na sala de aula. Revista Comunicação e Educação. São Paulo: Nº 2, 1993.

 

NASCIMENTO, Abdias. O Quilombismo. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 1980.

 

REGO, Teresa Cristina. Vygotsky, uma Perspectiva Histórico-cultural da Educação. 9. ed. Petrópolis: Editora Vozes, 2000.

 

REIS, João José. Liberdade por um fio: História dos Quilombos do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.

 

______________. Negociação e Conflito: a Resistência Negra no Brasil Escravista. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.

 

SIMÕES, Maria Isabel Velloso. Alagoinhas. Alagoinhas: Editora Dany Graff, 1996.

 

VYGOTSKY, Lev. Formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

 

______________. Psicologia Pedagógica. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2004.



[1] Ubaldo Péricles Rodrigues da Fonte licenciado em História pela Universidade do Estado da Bahia. Pós-graduando em Novas Tecnologias da Educação pela UESB. Curso de Mídias e Novas tecnologias pela UESB – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia.
[2] Fábio Moura, Professor de Ciências da Computação da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB.

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