A
HISTÓRIA DE BOA UNIÃO PELAS LENTES DOS EDUCANDOS
Autor: Profº Ubaldo
Péricles R. da Fonte[1]
Orientador: Profº Fábio Moura[2]
Este artigo tem como objetivo mostrar o
trabalho dos educandos do Colégio Municipal Miguel Santos Fontes, quando
desafiados a fazerem um trabalho de pesquisa escrita e com vídeos da história
local de sua comunidade rural, distrito de Boa União na cidade Alagoinhas. É um
projeto que tenta unir o trabalho na educação com uso de Midas e novas
tecnologias. Foi utilizada uma metodologia de pesquisa por meio do método
histórico investigativo, considerando entrevistas orais e fontes escritas.
Neste projeto de pesquisa, foi considerada a interatividade do educando durante
o processo de aprendizagem, a sua criatividade e a capacidade de análise
crítica dos documentos encontrados. Também foi considerado o desembaraço na utilização de mídias e novas tecnologias pelos
jovens educandos nesse projeto.
Palavras
chaves: História
local, mídias, novas tecnologias, educação, pesquisa.
- INTRODUÇÃO
Este
artigo tem como objetivo maior mostrar os resultados quanto a pesquisa
histórica local do Distrito de Boa União desenvolvida pelos educandos do
Colégio Municipal Miguel Santos Fontes buscando fontes orais e escritas e
utilizando mídias para produzir pequenos vídeos buscando com isso uma ponte
cultural com as afinidades dos jovens.
Como
metodologia foi utilizado o trabalho de pesquisa de campo utilizando o método
investigativo e analítico da história buscando dados e utilizado-se de
estatísticas para computar os resultados.
.
Este
artigo é parte integrante do projeto de trabalho de conclusão do Curso de
Mídias e Novas Tecnologias da Educação. Este curso surgiu numa excelente parceria
entre o MEC, com seu programa de cursos online denominado E-Proinfo e a UESB -
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, através da sua Pró-reitoria de
Extensão e Assuntos Comunitários em seu excelente programa de Educação à
Distância no atual Curso de Especialização em Mídias na Educação, com 360
horas. Portanto, este artigo faz parte
também, como de praxe, do processo de avaliação final deste mesmo curso online
observando o desenvolvimento e desempenho dos educadores cursistas quanto às
aplicações de suas disciplinas utilizando-se das mídias e novas tecnologias.
A
escolha do tema, baseado no título “A História de Boa União pelas Lentes dos
Celulares dos Educandos”, teve também como objetivo integrar o estudo da
História local da Comunidade com o uso das novas tecnologias na educação.
Como no projeto de preparação para o
artigo, o tema dessa pesquisa tem haver com a pesquisa da História local da
pequena comunidade quilombola de Boa União através das lentes dos celulares e
câmeras digitais dos estudantes e das entrevistas com resultados escritos e
computados pelos mesmos, assim como também das fontes orais e documentos
escritos descobertos por eles mesmo.
[1] Ubaldo
Péricles Rodrigues da Fonte licenciado em História pela Universidade do Estado
da Bahia. Pós-graduando em Novas Tecnologias da Educação pela UESB. Curso de
Mídias e Novas tecnologias pela UESB – Universidade Estadual do Sudoeste da
Bahia. [2] Fábio Moura, Professor de Ciências da Computação da Universidade
Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB
- O USO DAS NOVAS
TECNOLOGIAS DA EDUCAÇÃO
Como
fundamentação teórica para o uso das TIC quanto aos métodos que inserem
aparelhos de filmagens registrando as experiências dos educandos é correto
buscar amparos nas ideias de Moran (1993) que enxerga as novas tecnologias como
mediadoras do fazer didático. Também Moran ver o educador como estimulador dos
educandos para aprimorar a leitura das imagens já que acredita num mundo
imagético onde as novas tecnologias imperam via celulares, TVs e outras mídias.
Dessa
forma ele esclarece que:
As
crianças e os jovens leem o que podem visualizar, precisam ver para
compreender. Toda sua fala é mais sensorial - visual do que racional e
abstrata. Leem nas diversas telas que utilizam: da TV, do DVD, do celular, do
computador, dos games (MORAN, 1994, p.40)
Como
é de praxe de todos os educadores experientes e bem formados, a educação deve
partir dos saberes locais, respeitando o currículo oculto existente nos jovens
e na comunidade onde são também detentores de ricos saberes. Partindo-se do
mundo local da comunidade é possível aos poucos introduzir os educandos em
mundos de conhecimentos cada vez mais macros complexos. Partindo dessa primícia
é como construir uma pirâmide. Primeiro é estabelecido a base piramidal, depois
quando tudo é consolidado e firmado como uma rocha é erigido todo o corpo do
belo edifício, o meio e finalmente o ápice da pirâmide. Essa alegoria da
engenharia quando comparada aos métodos aplicados na educação, significa
edificar em crenças comuns ou em novos saberes específicos da comunidade, essa
é a rocha firme. Significa um olhar empático para o novo, para o desconhecido,
para o mundo dos jovens e sua cultura e também para os saberes rurais a afro
culturais populares.
Os
novos conhecimentos inseridos na educação das crianças e jovens precisam ser
significativos, possuir alguma referência com a sua realidade ou com um
conhecimento anterior prévio para facilmente ser absorvido. Acaso isso não
ocorra, fica a falsa impressão na mente dos jovens educandos que os seus
educadores (as) estão lecionando algo inteligível, seria como alguém que fala
com brasileiros em língua grega ou latina. Buscar subsídios nos novos métodos
da pedagogia e nas novas tecnologias é imperativo para que os professores tenha
êxito como professores formadores de novos cidadãos preparados para os novos
desafios e as constantes mudanças da contemporaneidade. Portanto, no fazer da
história em sala de aula deve-se partir daquilo que é mais significativo para o
educando e nesse aspecto, seria muitíssimo mais interessante começar através da
história local, ou seja, dos registros orais e escritos de suas tradições, dos
saberes da comunidade e dos ancestrais. (Freire, 1996, p. 16)
Ao
mesmo tempo, estudar história é muito mais do que a simples atitude
reprodutivista de busca-la totalmente acabada e digerida nos livros acadêmicos
e didáticos. Pesquisar história é desenvolver o senso crítico. Compreender a
história se faz através da análise dos documentos escritos e orais. É possível
concluir com essas primícias, que o fazer da história se estabelece com o ato
da pesquisa, do hábito de investiga-la, do envolvimento do sujeito com o seu
objeto, de sua interpretação, se concretiza pelo desenvolvimento coerente do
senso de críticidade através da reflexão filosófica do objeto histórico. Quando
inseridos e estimulados a romper com a atitude passiva de meros receptores dos
saberes, alheios e incentivados a comprometer-se com o novo papel ativo de
sujeito, nesse labor investigativo, os jovens estão sendo levados assim, a
desenvolver em si a verdadeira pedagogia da autonomia tão mencionada tantas
vezes por Paulo Freire (1996).
Em
seu livro Pedagogia da Autonomia, ele escreve sobre a importância da pesquisa
no ato de ensinar:
Não
há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses que-fazeres se encontram um
no corpo do outro. Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me
indago. Pesquiso para constatar, constatando, intervenho intervindo, educo e me
educo. Pesquiso para conhecer e o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar
a novidade. (FREIRE, 1996, p.15)
Dessa
forma, se faz tão importante para o educador quanto para o educando a atitude
de aprender pesquisando, já que o ato da pesquisa leva as pessoas a se indagar,
a constatar e intervindo se chega realmente ao verdadeiro ato de educar e
educar-se, rompendo com o papel passivo de professores e alunos no cotidiano da
sala de aula como meros transmissores e receptores dos conhecimentos alheios.
Paulo
Freire ainda explica sobre a importância de respeitar os saberes dos educandos
e a estimulá-los a pesquisa:
Pensar
certo em termos críticos é uma exigência que os momentos do ciclo gnosiológico
vão pondo à curiosidade que, tornando-se mais e mais metodicamente rigorosa
transita da ingenuidade para o que venho chamando “curiosidade epistemológica”.
A curiosidade ingênua do que resulta indiscutivelmente um certo saber, não
importa que metodicamente desrigoroso, é a que caracteriza o senso comum. O
saber da pura experiência feito. Pensar certo do ponto de vista do professor,
tanto implica o respeito ao senso comum no processo de sua necessária superação
quanto o respeito e o estímulo à capacidade criadora do educando. Implica o
compromisso da educadora com a consciência crítica do educando cuja “promoção”
da ingenuidade não se faz automaticamente. (1996, p.15)
No
olhar deste projeto de mídias, incentivar os educandos a pensar em termos
críticos significa estimula-los a ter uma postura de pesquisadores perante a
histórica local rompendo aos poucos com o senso comum, embora o respeitando
como base primária necessária da construção do novo conhecimento através do
desenvolvimento de uma curiosidade que busque significados, conceitos, valores
e julgamentos em tudo que os cercam (“curiosidade epistemológica”). Fomentar a
autonomia nos educandos significa incentivá-los a construir o próprio
conhecimento, desenvolver o senso crítico analítico e estimular a criatividade.
É preciso dar espaços para pesquisas, debates e construções de textos, blogs e
outros espaços intelectuais criados pelos alunos onde os educadores funcionem
como facilitadores e consultores.
Também
influenciado pelo interacionismo de Vigotsky, acreditando plenamente na
capacidade de desenvolvimento das faculdades cognitivas dos jovens quando
expostos a diversas situações de aprendizagem, é interessante citar a obra de
Teresa Cristina do Rego (2000, p.124) sobre o pensamento interacionista contido
na obra deste grande mestre russo. No seu livro Vigotsky, Uma perspectiva
histórico-cultural da educação, ela escreve:
A
educação, por ser uma prática de intervenção na realidade social, é um fenômeno
multifacetado composto por um conjunto complexo de perspectivas e enfoques. Não
pode, portanto, ser considerada como uma ciência isolada nem tampouco
apreendida mediante categorias de um único campo epistemológico, já que várias
disciplinas autônomas convergem para a constituição do seu objeto. Ou seja, a
prática pedagógica é influenciada por múltiplas dimensões: social e política,
filosófica, ética, técnica, histórica, etc., e. dentre essas, a dimensão
psicológica.
Assim
como a educação ou qualquer disciplina que a compõe, não podem ser jamais
isoladas ou plenas, assim também a história deverá interagir com outras
ciências e novas tecnologias para ampliar seu alcance pedagógico. Ao mesmo
tempo, se percebe neste pensamento que a pedagogia é caracterizada por
influências de vários ramos do conhecimento e quanto maior o contato do
educando com vários caminhos maiores serão as oportunidades para o seu
aprendizado porquanto maior será a sua interação com os saberes diversos que se
entrelaçam e se completam. Ainda com
Teresa Cristina do Rego (2000) que explica a primeira tese de Vigotsky:
A
primeira se refere à relação individuo/sociedade. Vigotsky afirma que as
características tipicamente humanas não estão presentes desde o nascimento do
individuo, nem são mero resultado das pressões do meio externo. Elas resultam
da interação dialética do homem e seu meio sociocultural. Ao mesmo tempo em que
o ser humano transforma o seu meio para atender suas necessidades básicas,
transforma-se a si mesmo. (p. 41)
Se
a relação indivíduo sociedade resulta da interação dialética do homem e seu
meio sociocultural transformando-se a si mesmo e também o seu meio, essa
primeira tese de Vygotsky, legitima assim, como o pensamento de Paulo Freire, a
necessidade das pesquisas, dinamizando as disciplinas nas escolas, como
ferramentas de promover essa interação. Pesquisando os alunos, são estimulados
a buscar por si próprios a formação do seu próprio pensamento, de suas ideias
próprias, desenvolvem o senso crítico e se tornarão quando formados, cidadãos
atuantes e transformadores da realidade social, muitas vezes problemática e
carente de mudanças urgentes.
- REALIDADE LOCAL E
PREPARAÇÕES DO PROJETO
O
distrito de Boa União, fica distante 9 km da sede, situado na cidade de Alagoinhas
localizada no Agreste Baiano, a cerca de 108 km da capital baiana, a cidade de
Salvador; e a cerca de 70 km da cidade de Feira de Santana, outro grande polo
econômico baiano. De acordo com o site
oficial da cidade de Alagoinhas, a cidade limita-se ao Sul com o município de
Catu; ao Norte com o município de Inhampube; ao leste com o município de
Araçás; ao oeste com município de Araçás; Nordeste com o município de Entre
Rios e a Sudoeste com o município de Teodoro Sampaio.
Buscando
condições para a introdução deste projeto junto à comunidade, foi verificado
que já existe um centro de informática e internet (discada) lan hause na
comunidade de Boa União e alguns poucos alunos com mais recursos, dispõem de
computadores em suas residências com internet também discada. Portanto, foi julgada
viável a inserção desse projeto de pesquisa com mídias na localidade.
Entretanto, existem as dificuldades pelo fato da maioria dos alunos habitarem
comunidades rurais mais isoladas e não terem o funcionamento pleno dos
celulares nas suas comunidades, devido à falta de torres de transmissão e a
lentidão da internet discada quando a possui. Os celulares apenas são usados
para comunicação em determinados pontos de geografia elevada da sede,
utilizando a Operadora Vivo, que possui um maior alcance em toda cidade de
Alagoinhas. Apesar de todas as dificuldades encontradas, esperava-se que os
educandos, por serem jovens e estarem inseridos em parte na nova cultura
tecnológica (a cibercultura), teriam condições satisfatórias de participar de
um projeto envolvendo mídias, novas tecnologias e a história local de sua
comunidade. As dificuldades seriam imensas e os obstáculos bastante
desafiadores e estimuladores do trabalho.
Porquanto,
o curso de Mídias na Educação, é destinado aos educadores do Município de
Alagoinhas, se deu a escolha da escola comunitária local denominada Colégio
Municipal Miguel Santos Fontes pela localização central junto à praça do
distrito. O Colégio Miguel, como é chamado pela comunidade local, educa jovens
de todas as comunidades rurais das proximidades da sede desse mesmo distrito
onde também o autor deste artigo leciona a mais de 10 anos. O Colégio Miguel
Santos Fontes, fundado em 31 de agosto de 1980, possui ensino completo do
Fundamental II do 6º ao 9º (antiga 8ª série), nos turnos matutino e vespertino,
atendendo alunos dos 10 aos 26 anos de idade, e também funciona à noite no
programa de Educação de Jovens e Adultos, com turmas do EJA IV (5ª e 6ª séries)
e EJA V (7ª e *8ª séries) atendendo alunos dos 15 aos 60 anos de idade, com
rotina educacional semanal de segunda a sexta feira. O Colégio Municipal Miguel
Santos Fontes, possui também um projeto novo, denominado Proeja Fic que mistura
educação de jovens e adultos com educação técnica profissionalizante, numa
parceria entre o Instituto Federal de Catu com a Secretaria de Educação de
Alagoinhas.
Deu-se
a escolha pela turma de 8ª serie matutina (única da escola nessa série), na
inclusão desse projeto de mídias e tecnologias, pela maior maturidade psíquica
dos mesmos, quando comparados às outras turmas da unidade, pela aparente maior
facilidade de manipulação de mídias e novas tecnologias por parte dos jovens
dessa série. E também, por serem jovens adolescentes, esperava-se dessa turma,
um maior compromisso com o rigor da pesquisa, mais seriedade de abordagem dos
temas envolvidos, um trabalho mais coeso com a história local dos seus
ancestrais.
Na
turma de 8ª série (9º ano do Fundamental II), existem alunos (as) adolescentes
da faixa de idade de 14 anos a 16 anos, porque alguns são repetentes. A maioria
das famílias desses jovens, sobrevive do trabalho na lavoura. Os filhos desses
lavradores ajudam seus pais no trabalho de campo. Como o distrito é rural e
muitas famílias a cada ano têm migrado para outras cidades maiores, como São Paulo,
Rio de Janeiro e Salvador, as turmas têm diminuído em número de alunos e assim
ficou difícil para a equipe gestora criar mais de uma turma de 8ª série.
São
jovens, na sua totalidade, afrodescendentes das comunidades da sede de Boa
União (Antiga Igreja Nova), Cangula, Outeiro, Tucum, Buracica e outras fazendas
próximas na região.
- METODOLOGIA
Como
metodologia aplicada, foram utilizados formulários/questionários para
entrevistas, buscando fontes orais dos moradores, visitas aos arquivos públicos
como o IBGE, os arquivos municipais, bibliotecas, etc. Foi considerado o método
analítico e investigativo típico da história. Analise dos documentos, reflexão
sobre as fontes encontradas e dedução e interpretação.
Os
26 educandos da 8ª série do Colégio Miguel Santos Fontes foram divididos em 06
equipes, cada uma com cerca de 04 a 05 componentes agregados de acordo com
velhas afinidades existentes e desenvolvidas ao longo dos anos. Nessa pesquisa,
foi observado o trabalho de equipe, a participação de cada um colaborando com o
desenvolvimento no empenho da pesquisa e dissertação.
Ainda
quanto aos alunos, como foi dito, foram divididos em equipes e cada grupo
recebeu os seus formulários de questionários. Toda semana foi acompanhado pelo
professor, o desenvolvimento dos resultados alcançados nos trabalhos de campo.
O
trabalho teve partes escritas como os questionários de pesquisa de campo,
relatórios finais dos alunos quantos aos resultados obtidos e a avaliação
escrita da IV Unidade, que constava conteúdos relacionados também ao trabalho
com a história local. Com as mídias e novas tecnologias, foram feitos pequenos
vídeos (pockets vídeos) sobre as entrevistas com as pessoas da comunidade,
mostrando aspectos culturais e geográficos do distrito de Boa União, etc.
Como
quase todos os jovens educandos possuem celulares (muitas vezes bem modernos)
usados o tempo todo para tirar fotos e ouvir músicas fora das aulas, durante o
intervalo ou o que é pior, na sala de aula, essa situação, de certa forma
provocava um péssimo desconforto por parte dos educadores, devido a
indisciplina gerada por essas atitudes em momentos inadequados no processo
ensino-aprendizagem. O uso de celulares e outras mídias em momentos inadequados
de forma descontroladas por parte dos educandos, durante as aulas de seus
mestres, dificultava a transmissão dos saberes, levando muitas vezes a
situações de baixo rendimento, como consequência direta deste tipo de
comportamento. Proibir o uso dos celulares, outros aparelhos de mídias e novas
tecnologias, tornou-se ineficiente e inadequado. Portanto, o correto de acordo
com a avaliação dos professores seria canalizar esse uso de novas tecnologias
por parte dos jovens para fins didáticos, melhorando assim a maneira como os
educadores conduzem seus trabalhos quanto ao processo ensino-aprendizado dos
educandos.
Porque
não usar a cultura tecnológica do jovem na educação? As mídias e novas
tecnologias a favor da educação. O que era inicialmente um problema se tornou
uma grande ferramenta nas mãos dos educadores. Era somente descobrir um método
adequado de como utiliza-los. Cada educador em sua disciplina precisará
descobrir a maneira adequada para utilizar as mídias e novas tecnologias da
educação no seu labor. Seria preciso na situação especifica deste artigo, um
método pertinente que concilie o trabalho do historiador com uso de novas
tecnologias. Optou-se, portanto pelo método investigativo da História
considerando as fontes orais e escritas através de entrevistas e vistas aos
arquivos públicos municipais, bibliotecas, igreja, etc. Neste método será
analisado os resultados de forma quântica utilizando de gráficos estatísticos.
Ao mesmo tempo serão utilizadas mídias filmadoras digitais como celulares e
câmeras fotográficas para registrar as entrevistas e demais trabalhos conciliando
o trabalho de historiador com as novas tecnologias.
- AS DESCOBERTAS DOS
EDUCANDOS
De
acordo com as descobertas dos educandos durante a pesquisa sobre a história
local de Boa União (Antiga Igreja Nova) e sua sede Alagoinhas, encontra-se
relatos bastante interessantes sobre a origem dessas localidades provando que a
interação fomentada pela pesquisa produziu bons frutos apesar da mesma ter
coincidido com o pouco tempo decorrido durante a IV unidade escolar.
Entre
esses textos (SIMÕES, 1996, p. 08), menciona que numerosas cidades que
antecederam e precederam Alagoinhas, foram surgindo a partir da fundação de
povoados, que desde o século XVI começaram a se formar com a divisão das
Capitanias Hereditárias. No mesmo século, o fundador da Casa da Torre de
Tatuapara, o Segundo Francisco Garcia D’Ávila, iniciou, na Bahia, proveniente
da Capitania de São Vicente, a criação de gado, que logo se expandiu em direção
ao Norte, implantando a cada passo, as choupanas de pau a pique e barro,
cobertas de palha, que centralizavam os currais para repouso e aguada das
boiadas. Muitas dessas choupanas foram, sem dúvida, fincadas na região de
Alagoinhas pela exuberância de suas lagoas, intercaladas na estrada. Do ponto de
vista interpretativo, os alunos compreenderam que se essas choupanas eram
habitáveis por vaqueiros, então esta situação foi um marco inicial do
povoamento de Alagoinhas.
Continuando
as informações contidas no relato, é dito que em fins do século XVIII, um
sacerdote português, cujo nome não ficou conhecido, embora alguns pesquisadores
afirmem ter-se chamado João Augusto Machado, emigrou para o Brasil à procura de
um local onde pudesse trabalhar e realizar os seus ideais. Em sua longa
caminhada, chegou à vastidão de tabuleiros verdejantes, cortados por inúmeros
rios e lagoas. Ergueu neste local, uma capela, instalando-se à distância de 12
km, onde fundou a Fazenda Ladeira. Como era costume, no período colonial
brasileiro, foi em torno da capela que o povoado começou a surgir. (SIMÕES,
p.08)
De
acordo com o precioso e raro documento, o povoamento, portanto se deu de início,
com os boiadeiros, índios aldeados, migrantes que partiam das zonas limítrofes
de Inhambupe, Irará e Santo Amaro pela velha Estrada das Boiadas, tropeiros e
viajantes que comercializavam suas mercadorias durante o longo e cansativo
percurso e também negros fugidos que iam em busca dos quilombos. Nesse último
grupo, os quilombolas, provavelmente se devem o povoamento das comunidades
negras de Boa União, em particular, os povoados de Cangula e Outeiro que
segundo pesquisa dos educandos, possuem até documentos do governo
reconhecendo-os como legítimos quilombos.
No
mesmo documento, encontramos a evolução política de Alagoinhas sede de Boa
União (SIMÕES, 1996, p. 09):
Ø Antes de 1816 - Povoado.
Ø 1816 - Freguesia de Santo Antônio de Alagoinhas.
Ø 16. 06.1852 - Criação da Vila de Alagoinhas pela Lei
Provincial nº 442.
Ø 02. 07.1853 – Instalação do Município.
Ø Município de origem – Inhambupe.
Também
é revelada uma antiga ligação de Alagoinhas com a Vila de Inhambupe. Alagoinhas,
ainda freguesia, pertencia a Inhambupe e esta inicialmente pertencia à
capitania de Sergipe, somente passando para a capitania da Bahia em 1727. (SIMÕES,
1996, p.09)
De
acordo com o documento, o religioso fundador, permaneceu no povoado por cerca
de 20 anos, sempre dedicado às atividades sacerdotais e ao trabalho em grandes
áreas de terra. Não se tem conhecimentos de pistas sobre a data de seu
falecimento ou ainda se o mesmo se transferiu para outra região. Sabe-se que em
1816, foi substituído por outro sacerdote, também português, Pe. José Rodrigues
Pontes, que conseguiu de D. João VI a elevação do povoado à categoria de
Freguesia, pelo Alvará datado de 07 de novembro de 1816, passando a
denominar-se Freguesia de Santo Antônio de Alagoinhas. O Pe. José Rodrigues
Pontes foi nomeado seu primeiro vigário em cujo desempenho sacerdotal
permaneceu ativamente até o ano de 1830, ocasião que veio a falecer. (SIMÕES, 1996,
p.09).
A
Freguesia de Alagoinhas, por força da Resolução Provincial nº 442, de 16 de
junho de 1852, passou a categoria de vila, mantendo os mesmos limites descritos
no Alvará de 07 de novembro de 1816, desmembrando o seu território do município
de Inhambupe. (SIMÕES, 1996, p.09)
Segundo
o pequeno livro sobre a História de Alagoinhas, a 2 de julho de 1853, foi
instalado oficialmente o município de Alagoinhas, tendo como presidente do
Conselho Municipal, Coronel José Joaquim Leal. (SIMÕES, 1996, p. 09)
É
nessa família Leal que está a gênese do distrito de Igreja Nova (Boa União)
como se verá mais na frente quando se tratará da história desta localidade.
Também
é interessante a história da estrada de ferro que corta o território do
município. De acordo com o texto, o governo imperial, tendo decidido ligar a
capital da Província da Bahia ao Rio São Francisco, autorizou a construção de
125 quilômetros e 680 metros de linha férrea e essa estrada passa até hoje por
Alagoinhas. Com a chegada do capital inglês da Bahia and São Francisco Railway
Company deu-se início a construção da ferrovia em 1856. De acordo com o
documento escrito, a 13 de fevereiro de 1863 é inaugurado o trecho Salvador –
Alagoinhas num total de 123 km, cujo terminal, a Estação de São Francisco,
importante marco construído nos moldes ingleses, ainda hoje existente, foi
instalado a 3 km da sede da vila. (SIMÕES, 1996, p. 09)
Neste
local histórico funciona hoje um museu contando boa parte da História de
Alagoinhas e da ferrovia. Infelizmente, o prédio todo em estilo inglês (segundo
fontes orais é a réplica da Estação Férrea de Liverpool) se encontra em ruínas,
precisando de restauração com muita urgência, porque boa parte do prédio tem
desabado por falta de cuidados.
A
chegada da estrada de ferro levou junto o povoamento para a região mais baixa
da atual Alagoinhas, porque o povoamento se desenvolvia anteriormente na parte
mais alta da cidade (Alagoinhas Velha) onde se localiza até hoje as ruínas da
Igreja Velha (Igreja Inacabada), patrimônio da cidade como é dito nestes
parágrafos (SIMÕES, 1996, P.10):
Isto
determinou que o povoamento passasse a se evidenciar mais naquele local,
forçando a transferência da sede para as proximidades “da Estrada de Ferro”
Ainda
em 1863 a capela, que até então servia aos fiéis, deu lugar a construção de uma
nova matriz, erguida com argamassa e argila e sangue de boi, hoje, Ruína da
Igreja de Alagoinhas Velha, monumento arquitetônico de nossa cidade. A obra
teve sua construção abandonada devido à definitiva remoção da sede municipal.
O
texto também mostra a data de 07 de junho de 1980, quando Alagoinhas recebeu
foros de cidade, compondo o município de 5 distritos: Alagoinhas (sede), Araçás
(hoje uma cidade), Aramari (hoje também outra cidade), Igreja Nova e Riacho da
Guia pela lei 1957. (SIMÕES, 1996, p. 10)
Um
precioso documento escrito na figura de um ofício datado de 28 de março de 1862
e enviado pelo vigário da freguesia, Antonio Martins da Silva Teles ao
Presidente da Província também se encontra transcrito neste livro (SIMÕES, 1996,
P.10):
Comunico
V. Excia. que o templo, que nesta freguesia serve de Matriz, está inteiramente
arruinado, e não mais sendo susceptível de reparo algum. Já desabou um canto.
As paredes da capela Mor estão desaprumadas... Nesta data dirijo-me à
Assembleia pedindo providências... para que não fique esta Freguesia tão
importante com a via férrea, sem templo,
escandalizando assim aos Nacionais e Estrangeiros que de certo aqui virão muito
a miúdo. Deos guarde a V. Excia. Alagoinhas, 28 de março de 1862.
Ao
analisar este documento, um educando indagou se este templo não seria na
verdade a mesma Igreja Velha em ruínas que existe até hoje como cartão postal
de Alagoinhas e acrescentou que provavelmente ele (o templo) já teria o mesmo
estilo colonial que tem até hoje, porquanto o relato bate exatamente como
aparenta o estado das rachaduras nas paredes da nave principal, que também de
fato existem partes desabadas. Além disso, à prova crucial de que esta antiga
capela não foi apenas uma obra inacabada servindo para cultos, é o fato
verossímil de existirem vestígios de restos de madeira ainda encravados na
parte superior das paredes. Não deixa de ser uma boa sugestão a ser investigada
futuramente mais a frente no próximo ano letivo, com novos documentos e com
novas turmas de 8ª série.
- A BOA UNIÃO DOS
EDUCANDOS
Sobre
a Boa União, os educandos conseguiram apurar alguns dados interessantes
encontrados na maioria das entrevistas e através de poucos documentos
descobertos – que nem era do conhecimento - como livros escritos sobre a
história local. Sobre a história local de Boa União é dito que no ano de 1808
do século XIX, foi edificada uma Igreja, sob a invocação da Sagrada Família –
Jesus, Maria e José. Diz também os relatos orais e escritos que conforme revela
a tradição local, este templo foi edificado pela senhora D. Rita de Jesus Leal,
que viajando teve seu cavalo assustado por algo e disparando em forte galope
esteve a jovem sinhzinha prestes a cair. De acordo com os relatos dos
quilombolas, dos caboclos sertanejos e dos escritos dos intelectuais, é dito
que ela invocou a proteção da Sagrada Família e prometeu que mandaria edificar
uma Igreja no lugar que o animal parasse e assim nada sofreu na queda. Portanto,
cumpriu esta senhora, a promessa que fizera, edificando a Igreja no lugar que o
animal parou, exatamente onde está até hoje ao pé do monte, Neste monte também
fica bem no alto o cemitério de Boa União. (SIMÕES, 1996, p.52)
Dizem
as fontes também, que tempos depois, com a sua morte, os membros das famílias
“Pinto e Leal” terminaram a construção da igreja e o povoado que ali existia
tomou o nome de Igreja Nova.
Mais
tarde, de acordo as informações e relatos escritos, foi aquela igreja, sede da
freguesia do Município de Alagoinhas, dando-se como razão a falta de uma Igreja
na antiga sede do município. Isso se deve provavelmente as condições de ruína
que já se encontravam a Igreja Velha de Alagoinhas.
Segunda
as fontes, essa igreja em 1942, foi demolida devido ao seu precário estado e
logo foi edificada outra no mesmo local com menor estrutura. De fato,
analisando fotos antigas da antiga igreja e comparando com a capela atual não
resta dúvida que esta informação é verdadeira.
Existe
também um relato no livro Alagoinhas de como surgiu a mudança do nome para Boa
União. Diz assim o texto (SIMÕES, 1996, p.52):
Por
indicação do Dr. Carlos Olímpio Pinto de Azevedo e do Sr. Armando Leal, também
de outros filhos da terra, Igreja Nova, em 1942, passou a ter a denominação de
Boa União, alegando a comissão, que tal era a união do povo e das famílias que
se entrelaçavam, que o Dr. Carlos achou bem, apresentar ao Governo do Estado
esta modificação, que foi aceita. Por determinação do Governador de então, foi
efetuada a mudança do nome de Igreja Nova para Boa União e assim está até hoje.
Podemos
perceber que nesse tempo as elites locais tomavam decisões de cima para baixo
sem consultar a população mudando a seu bel prazer nomes históricos que já
faziam parte da cultura local. Contudo, muitos moradores, por ironia ainda
utilizam o velho nome Igreja Nova para se referir à localidade.
Também
foi encontrado um documento mostrando a Lei Provincial do tempo do Império
criando a Freguesia de “Jesus Maria e José”, em Igreja Nova (1996):
Resolução
nº 1135, de 28 de março de 1971.
O Barão de São Lourenço, presidente da
Província da Bahia. Faço saber a todos os seus habitantes que a Assembleia
Legislativa Provincial decretou e eu sancionei a seguinte resolução:
Art.
1º - A sede da
freguesia de Alagoinhas fica transferida para a capella de Igreja Nova,
conservando o órgão da mesma Capella – Jesus, Maria, José.
Art.
2º - Revogam-se as
disposições em contrário. Mando, portanto a todos as Autoridades a quem o
conhecimento e execução da referida Resolução pertencer que a cumpram e façam
cumprir tão inteiramente como nella se contém, o Secretário desta Província a
faça imprimir, publicar e correr.
Palácio do Governo da Bahia, 28 de
março de 1872, 50º da Independência e o Império.
(S.P.) (a) Barão de São Lourenço
(p.53)
7.
RESULTADOS APURADOS
A titulo do trabalho foi feito um
total de 100 questionários para serem aplicados na pesquisa sobre a história
local do distrito de Boa União e sua sede, Alagoinhas. Estes formulários foram
aplicados pelos próprios educandos e distribuídos em número proporcional entre
as equipes de alunos. Estes questionários foram aplicados com prioridade junto às
pessoas mais velhas ou mais esclarecidas da comunidade. Sobre a pergunta quanto
a origem da comunidade de Boa União, tivemos 90% das respostas dizendo sim,
concordando com a história tradicional que alega a origem do povoado na
fundação da Igreja Nova, devido a promessa cumprida por Dona Maria Rita Leal,
quando caiu do cavalo e invocou a proteção da Sagrada Família. Apenas 10% das
respostas das amostragens disseram desconhecer ou não concordar totalmente com
a história, envolvendo a fundação da nova igreja como início do povoado. Este
resultado pode melhor ser verificado no gráfico abaixo.
Gráfico sobre a origem de Boa União na
fundação da igreja nova
A
certeza da fundação do povoado através da queda de uma sinhazinha do cavalo
arisco, é algo já cristalizado na mente das pessoas da comunidade. Dos mais
idosos aos mais jovens, quase todos conheciam a velha tradição envolvendo a
portuguesa a Rita Leal. Essas pessoas da
família Leal não mais habitam o velho distrito, muitas se foram para as cidades
grandes, entretanto, suas marcas ficaram para sempre na memória dos
descendentes dos seus escravizados e quilombolas.
Nos
questionários algumas perguntas ficaram sem respostas por se tratar de uma
pesquisa com pessoas simples e que utilizam tradições orais. Outras ficam
imprecisas no tempo por falta de documentos escritos que preservem essas
lembranças. Entretanto, essas dificuldades não inviabilizam de forma alguma o
ato da pesquisa de campo.
Outras
perguntas bem exploradas pelos educandos nas entrevistas e na confecção dos
vídeos de suma importância estão inseridas em relação a ligação entre os
quilombos e a história de Boa União. Quando e como surgiram os quilombos do
Cangula e Outeiro que contribuíram com a formação da História e cultura de Boa
União? Essa questão muito importante foi bem explorada pelos educandos e em
todas é possível perceber a crença na qual estas comunidades de fato são de
origem quilombola atribuídas a negros fugidos atingindo um total de 100%.
Entretanto, de todas as equipes, apenas uma conseguiu um relato mais
aprofundado sobre os primeiros moradores e sua história porque sendo jovens
moradores do Cangula, conseguiram entrevistar pessoas idosas desta comunidade.
Portanto, de 06 equipes, apenas 01, a equipe composta pelos educandos Milena,
Daiane, Adriane e Genildo conseguiram obter mais informações sobre o mistério
que cerca esta comunidade que de fato foi fundada por negros que vieram de fora
e onde ainda as famílias afrodescendentes de Carvalho, da Paixão e de Jesus (de
acordo relato escrito adquirido através de entrevista com moradores) até hoje
habitam a localidade mantendo os hábitos esquivos e desconfiados de seus
ancestrais.
Quais
os principais fatos históricos que marcaram a trajetória de Boa União? Está
importante questão obteve diversas respostas de acordo o pensamento do
entrevistado. Alguns mais religiosos situam fatos importantes na fundação e
depois reformas sofridas pelo templo principal. Outros citam a chegada da
ferrovia na região, marco histórico de desenvolvimento. Outros citam as
modificações urbanas como as transformações nas residências que antes eram de
taipa e adobe e foram reconstruídas com tijolos cozidos e cimento para controle
do hospedeiro da doença de chagas, o barbeiro. Outros citam as construções da
Praça de Boa União e escolas como o
Colégio Miguel Santos Fontes nos anos 80. Em todas é possível perceber o anseio
pelo progresso.
Como
o passado de Boa União pode influenciar a juventude? Esse questionamento dirigido
aos jovens educandos e da comunidade tiveram várias surpresas. Contudo, em
todas é possível perceber nelas o desejo de preservar a cultura e a memória e o
desejo por gerações de emprego na região como também o sonho de que um dia o
futuro tecnológico chegue de vez e permita o progresso da comunidade. Portanto,
desejam o novo e preservando as antigas tradições de seus ancestrais na
alimentação, cultura, festas populares, etc..
Como
resultado da pesquisa no comportamento dos educandos foi verificado:
Ø Um
maior entusiasmo em participar das aulas e das ações ligadas ao projeto.
Ø Diminuição
do comportamento indisciplinado durante as atividades.
Ø Maior
compromisso dos educandos em levar adiante as tarefas agendadas.
Ø Um
maior comprometimento com o espírito de equipe.
Ø Desenvolvimento
do senso crítico e analítico dos jovens educandos.
Ø Uma
sensível melhora nos rendimentos das notas da IV unidade quando comparadas as
unidades anteriores.
Ø Maior
facilidade de absorção dos conteúdos da disciplina História já que partiu-se do
que é significativo para o educando (a História local, sua cultura e uso de
novas tecnologia).
Para
o educador, foi uma experiência única, inovadora e transformadora de sua
prática pedagógica. O educador percebeu neste trabalho, novos horizontes a
serem explorados com o auxílio das mídias e novas tecnologias na educação. O
trabalho se fez mais prazeroso, divertido e mais suave. Foi certamente a
unidade onde este professor teve menos dificuldades de trabalhar. Também, a
descoberta de novos conhecimentos ligados a disciplina História porque foram
descobertos pelos educandos, trabalhos acadêmicos até então desconhecidos e que
certamente contribuíram com novos conteúdos a serem trabalhados futuramente com
novas turmas. Afinal, quando um educador educa, ele também está aprendendo.
Durante
a pesquisa, houve algumas dificuldades por parte dos educandos quanto a
inserção dos vídeos na internet. Fizeram todas as equipes os seus respectivos
vídeos com entrevistas. Contudo, algumas equipes tiveram dificuldades para
postarem seus vídeos na internet, quer seja pela lentidão da internet discada
na comunidade, quer seja pela falta de internet na escola devido ao descaso
total, quanto a isso das autoridades públicas, quer seja pela falta de
experiências de alguns deles que nunca tinham feito isso antes, desconhecendo
as técnicas de confeccionar vídeos oriundos dos celulares na internet. Alguns
vídeos eram facilmente vistos nos seus aparelhos de origem. Entretanto, quando
eram inseridos nos computadores, simplesmente não abriam por falta de
compatibilidade dos arquivos de alguns celulares com os reprodutores de vídeos
presentes entre os programas a bordo. Outros estavam com a parte do vídeo muito
boa e o som ficou muito baixo. Entretanto, apesar das dificuldades, a experiência
foi válida, quando é observado os bons resultados advindos e quando percebido o
pouco tempo que se teve para tamanha tarefa colocada sobre os ombros de jovens
adolescentes.
Os
26 educandos da 8ª série do Colégio Miguel Santos Fontes foram divididos como
dito anteriormente em 06 equipes, cada uma com cerca de 04 a 05 componentes
agregados de acordo com velhas afinidades existentes e desenvolvidas ao longo
dos anos. Nesse trabalho foi observado o trabalho de equipe, a participação de
cada um colaborando com o desenvolvimento do trabalho de pesquisa e
dissertação. Como o trabalho envolveu elementos que promovem interesses por
afinidade com os vídeos, o trabalho fluiu normalmente entre eles.
- CONCLUSÕES
Ao
final deste projeto, com base nos resultados, é possível afirmar que a educação
precisa o tempo todo, buscar atualizações de suas práticas, quer seja em busca
de novos métodos pedagógicos, quer seja estando em busca de novas tecnologias
da educação. É possível perceber também,
as dificuldades dos educandos com o trabalho dos vídeos, a necessidade por
parte das autoridades públicas de dotarem as escolas de condições para que
estejam aptas a portarem computadores, mídias e outras novas tecnologias,
preparando professores, dispondo a escola de técnicos e outros profissionais
que auxiliem os educadores em seu trabalho como professores pesquisadores. Ao
mesmo tempo, os educadores precisam procurar melhorar suas práticas, deixando
sua postura passiva diante das dificuldades, buscando sempre se atualizar no
domínio das novas tecnologias da educação como o uso dos computadores, vídeos,
DVDs, projetores, etc.
Para
as autoridades públicas, é preciso um olhar mais atento para as péssimas
condições de vida dos moradores das zonas rurais, quanto a falta de estrutura
das condições para a sua autonomia econômica, ou quer seja pela negligência
quanto as redes de telefonia e internet
nestas localidades, às vezes deficientes e outras vezes ausentes que dificultam
o uso de novas tecnologias, quando negam a essas comunidades as oportunidades
oferecidas pelo uso da internet a essas pessoas.
Ao
mesmo tempo, é concluído este projeto recomendando a todos os educadores, que
percam o medo das novas tecnologias na educação e que busquem sempre se
atualizarem, para assim, fazerem frente aos novos desafios que os aguardam. Os
jovens certamente serão muito gratos.
- REFERÊNCIAS
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários às práticas educativas.
São Paulo: Paz e Terra, 1996.
FREYRE, Gilberto. Casa Grande & Senzala.
Rio de Janeiro: Editora Record, 1998.
_______________. Sobrados e Mocambos: decadência
do patriarcado rural e desenvolvimento do
urbano. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1936.
MORAN, J M. O vídeo na sala de aula. Revista Comunicação e Educação. São
Paulo: Nº 2, 1993.
NASCIMENTO, Abdias. O Quilombismo. Rio de Janeiro:
Editora Vozes, 1980.
REGO, Teresa Cristina. Vygotsky, uma Perspectiva Histórico-cultural da Educação. 9. ed.
Petrópolis: Editora Vozes, 2000.
REIS, João José. Liberdade por um fio: História
dos Quilombos do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
______________. Negociação e Conflito: a
Resistência Negra no Brasil Escravista. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
SIMÕES,
Maria Isabel Velloso. Alagoinhas.
Alagoinhas: Editora Dany Graff, 1996.
VYGOTSKY, Lev. Formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
______________. Psicologia Pedagógica. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2004.
[1] Ubaldo Péricles Rodrigues da Fonte licenciado
em História pela Universidade do Estado da Bahia. Pós-graduando em Novas
Tecnologias da Educação pela UESB. Curso de Mídias e Novas tecnologias pela
UESB – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia.
[2] Fábio Moura, Professor de Ciências da
Computação da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB.